A nabada é um dos doces conventuais mais antigos de Portugal, tendo sido criado pelas monjas beneditinas do Mosteiro de Santa Maria de Semide, no concelho de Miranda do Corvo.
A particularidade deste doce, também conhecido simplesmente como Nabada de Semide, é ser feito à base de nabo, ingrediente que lhe dá o nome e que, comummente, não associamos a este tipo de receitas. Mas freiras, que eram excelentes doceiras, criaram esta maravilhosa iguaria, à base de nabos, açúcar e amêndoas. As receitas mais antigas registam ainda o uso de almíscar, pau de canela, flor de laranjeira e água de rosas.
Aceite a nossa sugestão experimente a receita, deixando-nos depois um comentário acerca da reação dos seus familiares e/ou amigos (mas diga-lhes o ingrediente que está na base da receita só depois de terem provado o doce - decerto, nem vão acreditar).
Coza os nabos, descascados e cortados em rodelas, em água temperada com sal. Deixe cozinhar alguns minutos, até os nabos ficarem macios, mas sem cozerem demasiado.
Escorra as rodelas e conserve-as numa tigela, cobertas com água fria, durante 4 dias. Renove a água diariamente (em Semide, este processo dá pelo nome de corar os alimentos).
Escorra as rodelas de nabo, esprema-as bem com um pano, para absorver toda a humidade, e reduza-as a puré. Retire os fios ou algumas pontas mais duras dos nabos que possam subsistir.
Pese o puré e igual porção de açúcar (regra geral, 1 kg de nabos fica reduzido a 500 g de puré).
Leve ao lume o açúcar coberto de água e deixe ferver até aos 106º C, quando a calda atinge o ponto de cabelo (ao mergulhar a colher na calda e levantá-la, correm dela fios finos e estaladiços).
Junte o puré de nabos e as amêndoas raladas. Deixe o doce ferver até se ver o fundo do tacho, mexendo continuamente.
Deixe amornar e guarde em taças ou potes cobertos com papel vegetal, passado por aguardente.
Use este doce para rechear bolos ou tortas.
Sabe qual a diferença entre um Mosteiro e um Convento?Num Mosteiro, os religiosos vivem em num ambiente de recolhimento e clausura, enquanto num Convento a vida é feita em comunidade. Pertencendo estas religiosas à ordem beneditina (fundada por S. Bento, cujo princípio fundamental é Ora et labora, o que quer dizer "Reza e trabalha"), viviam num espaço marcadamente de recolhimento e trabalho para o sustento e o autossubsistência da comunidade. Devemos, pois, dizer que este doce é oriundo do Mosteiro de Semide (e não Convento de Semide, como muitas vezes é designada aquela casa religiosa).
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